Por anos, essa frase de Confúcio esteve em minha mente. Ora ela me trazia
esperança de que existiria algo realmente prazeroso com o que trabalhar, ora me
fazia ser tomada de desespero por não fazer ideia do que isso poderia ser. A
escolha da minha futura carreira parecia um caminho sem volta, eu precisava
encontrar logo minha vocação ou seria tarde demais para fazer algo de bom nessa
vida. Até que eu descobri que não é bem assim.
Esse período em que "temos" que escolher nosso futuro
profissional é geralmente um momento traumático para muitas pessoas, e não
saber o que fazer parece ser a síntese de um sentimento comum. A grande verdade
é que o ponto desta questão vai muito além de um trabalho ou uma profissão, a
frase que lateja na mente de muita gente é: quem eu sou e quem eu quero ser? E
a grande verdade é que a maioria das pessoas não sabe responder a essas duas
perguntas.
Já parou para pensar que desde pequenos somos condicionados a acreditar
que nossa essência depende da profissão que iremos seguir? É só parar para pensar
nas respostas que geralmente damos à pergunta "o que você vai ser quando crescer?". Então, eu te pergunto,
será que bombeiro, advogado, veterinário ou cantor são os títulos que deveriam
nos definir?
QUEM VOCÊ É?
Em determinado ponto da minha vida, eu descobri que não era a minha
profissão que deveria dizer aos outros quem eu era, mas Deus. E isso foi
libertador. Como cristã, minha identidade deve estar ancorada em Cristo (Gl
2.20). Logo, eu sou tudo o que ele diz que eu sou. Isso é importante, pois
remove de mim todo peso de pensar que a escolha do trabalho que exerço é algo
determinante em minha vida.
Afinal de contas, não importa se eu serei jornalista, advogada, pintora
ou veterinária, o que importa é que, acima de tudo isso, eu sou filha de Deus,
sal da terra, testemunha de Cristo, herdeira de Deus e tantas outras
características que eu adquiri por me submeter a ele (você pode achar uma lista
com mais características e versículos aqui ).
Com isso esclarecido, é importante que você tenha em mente que o que
Deus pede de você não é que você descubra qual a profissão que você deve
seguir, mas sim que qualquer coisa que você fizer, seja feito para a glória
dele (1Co 10.31).
QUEM VOCÊ VAI SER?
Dito isso, é importante compreender também que não existe isso de vida
secular e vida dominical. Vida cristã é vida cristã. Logo, nosso trabalho deve
refletir tudo que somos em Cristo. Mesmo a escolha da faculdade que iremos
cursar ou do emprego que desejamos ter deve ser pautada pelos princípios que
dizemos nortear as nossas vidas: a Palavra de Deus.
Detalhes que muitas vezes são tidos como determinantes na escolha de uma
carreira como, por exemplo, reconhecimento, dinheiro, segurança ou satisfação
pessoal caem por terra quando pensamos que nosso principal objetivo deve ser
honrar a Deus.
Tal objetivo pode ser alcançado quando levamos em consideração na hora
de escolher nossa profissão coisas que ele de fato pede de nós como, por
exemplo: servir uns aos outros (Rm 12.10), ser humilde (Fp 2.3) e honesto (Sl
112.5), não dar lugar a vaidade e a ganância (Lc 12.15), não ter preguiça, mas ser
diligente (Pv 6.6-11), evitar a inveja (1Pe 2.1) e ser grato (Cl 4.2).
Outra maneira de fazer isso é levar em consideração suas habilidades e
aptidões. Eu acredito que Deus nos deus dons e talentos para desenvolvermos e
usarmos para sua glória. Se não fosse assim, Pedro não teria nos aconselhado: “Cada um exerça o dom que recebeu para servir
os outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas”
(1Pe 4.10).
O artigo da semana passada ensina de maneira prática alguns princípios
que podem te ajudar a entender como glorificar a Deus por meio do trabalho
(leia aqui). Avalie as oportunidades de
trabalho que Deus já tem te dado. Pode ser o trabalho doméstico, seus estudos
ou um emprego fixo. Você tem feito isso para a glória de Deus?
A CARREIRA QUE NOS É PROPOSTA
Por fim, é importante que nos lembremos de que nós já temos uma
carreira. E essa carreira é determinada pelo nosso aperfeiçoamento em Cristo
Jesus.
“Portanto, também nós, uma vez
que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o
que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a
corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador
da nossa fé.” Hebreus 12.1-2
Nossas expectativas quanto ao futuro não deveriam estar pautadas no
quanto teremos sucesso em nossas carreiras profissionais, mas no quanto seremos
cristãos piedosos. Assim, ao final de tudo, poderemos dizer: “Combati o bom combate, terminei a corrida,
guardei a fé” (2Tm 4.7).
CONFÚCIO TINHA RAZÃO?
Voltando à nossa frase de início, podemos concluir que, mais importante
do que ter prazer na atividade que você realiza, é saber se essa atividade
honra a Deus. Isso deveria ser o suficiente para você amar e ter prazer naquilo
que faz. O que fazemos é apenas um detalhe, o importante é para quem fazemos.
Isso molda como faremos, o que faremos e quando faremos.
Sendo assim, não devemos ficar preocupados e ansiosos com o dia de
amanhã (Fp 4.6). Seja ele o dia do vestibular, da graduação, da entrevista de
emprego ou do dia a dia no trabalho. Afinal de contas, quem você é hoje importa
tanto quanto quem você será amanhã. E seja o dia que for, o mais importante é
viver para honrar a Deus em tudo que fazemos.
Artigos relacionados:
- Você não precisa saber o que vai fazer da vida
- Eu, um cristão profissional!
- Em que investir minha vida
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seus comentários, sugestões ou opiniões. Lembre-se:
- pode discordar, mas com educação